MvP - Arthur Baratheon Stark

Minha primeira investida fora fracassada. A flecha se cravara no braço do gigante, mas sem surgir efeito aparentemente, ele a quebrou com facilidade e disse algo sobre vingança... Dois gigantes, provavelmente irmãos, arqueiro novamente... O mesmo usa uma lança e me derruba da árvore. Sinto o chão esmurrar minha face, fico momentaneamente zonzo, mas passa rápido. Levanto-me e vejo os dois, pareciam até aumentar a estatura.
O outro se irrita e fala algo sobre arvores e animais e logo usa sua lança quebrando muitas árvores. Ele abre um belo campo limpo. Talvez alguma cobra estivesse em uma das árvores e caísse... E ai poderia me comunicar com ela e pedir ajuda. Mas poderia não dar certo. Poderia tentar atirar outra flecha neles. Mas seria um pouco mais complexo do que achei. A pele deles, que mais parecia couro, servia como uma armadura natural. Seria difícil penetrar nela. Minha perícia com espada era péssima. Nunca vira um semi-deus tão ruim. Conseguia me defender de alguns semi-deuses, e era até melhor que meus irmãos, mas tentar um combate com eles seria suicídio.
Esconder-me em alguma árvore também não funcionaria, mesmo porque muitas jaziam no chão, cortadas ao meio. Eles eram grandes, me avistariam. Correr poderia funcionar, mas teria de ser rápido. Mas para onde ir? Tentar voltar ao acampamento? Não, isso nunca! Não passaria papel de covarde na frente de todos os campistas. Teria de permanecer na floresta. Mas não nesse lugar. Talvez encontrasse uma mata mais cerrada, com mais pedras, um lago talvez... Pedras... Tenho uma idéia! Guardo meu arco por sobre meu ombro esquerdo e olho para cima.
- Ei seus babacas! – berro para eles -O que acham de me pegar ham? Não querem isso seus sacos de estrume? Então venham!

Disparo para dentro da floresta, tentando penetrar nela e achar um bom lugar, com árvores altas, talvez pedras... Talvez... O punho de Zeus! Seria perfeito! Mas o lugar estaria longe? Conseguiria chegar lá? Minha cabeça pesa, não sei se sou capaz. Sobreviveria ou morreria? Seria esse o ultimo dia de minha vida? Uma coisa eu sei... não vou morrer sem ao menos feri-los...mortalmente.

Uma coisa deu certo. A cobra, minha nova serva, atingiu uma bela e forte picada na perna do gigante. O veneno dela penetraria em seu corpo, mas sendo um gigante, o efeito provavelmente seria um pouco fraco, mas mesmo assim, veneno é veneno! Continuo minha correria. A sorte havia mudado, mas sendo um semi-deus já havia aprendido que quando isso acontecia, provavelmente não seria por um longo período de tempo.

Olho para trás e vejo a lança do gigante "bom" - ou seja, do gigante não envenenado - vindo em minha direção. Me esquivo para o lado e ela fica fincada no solo. Logo teria de completar o meu plano. Procuro uma grande árvore ou uma grande pedra. E, se os deuses forem bons, será uma pedra imensa. Começava a me lembrar deles, são irmãos...filhos de Poseidon! Oto e Efialtes. Agora já me lembrava da história deles:

Os dois tentaram entrar no Olimpo para toma-los para si. Zeus, como sendo deus dos deuses, iria mata-los com um simples golpe do seu raio mestre. Mas em um pedido de apelo, Poseidon pediu para não mata-los. Assim, Poseidon conversou com os filhos e eles sossegaram... Por pouco tempo. Logo eles resolveram raptar Hera, achando a ideia perfeita. Mas Ártemis descobriu o plano. Certo dia ela estava na praia e eles a viram. Logo ela levitou e começou a andar sobre as águas. Eles a perseguiram, sendo filhos de Poseidon tinham a mesma proeza. E logo chegaram a uma ilha. Nessa ilha Ártemis os dispersou e eles se separaram. Ela se transformou em um cervo branco, se não me engano. Mas o animal irradiava tamanha beleza que isso os atraiu. Ela ficou bem no meio, e cada um de um lado. Com o brilho, eles não se viram. Os dois atiraram suas lanças, e o cervo desapareceu... E logo, as lanças se espetaram, uma em cada um, matando-os.

Não consigo virar um animal, mas teria um plano bom. Mas para isso, teria de encontrar um lugar alto para conclui-lo, pois caso contrário, teria de correr e muito ainda. Portanto, continuo minha corrida, em busca do lugar.

Com a benção dos deuses maiores, menores, primordiais e até dos titãs, minha louca estratégia deu certo. Os irmãos estavam se batendo no chão. Isso me daria uma vantagem, ficariam cansados e mais fracos, talvez até se destruíssem um pouco. Mas não seria suficiente. Teria de bolar uma estratégia. E ela já vinha em minha mente.

A flecha não ferira o gigante, pois fora no braço, se fosse a alguma veia, órgão ou artéria, traria danos consideráveis. Portanto, me afasto. Lentamente, tomando cuidado com cada passo, para não pisar em nenhum galho ou folha ou qualquer coisa que os alarmasse e fizesse com que lembrassem de minha existência. Tento andar com pés de nuvens, deslizando como uma sombra. Tentava chegar a um lugar pouco alto, somente para ter uma leve vantagem terrena.

Retiro o arco do ombro e o seguro com a mão esquerda. Retiro uma flecha da aljava e a encaixo na corda. Olho bem para os monstros, os dois se batiam, rolando, girando, entre outras piruetas. Seria um alvo difícil e não conseguiria atingir os dois ao mesmo tempo, ainda não tinha tal perícia. Resolvo me concentrar no que estava por cima. O alvo seria sua garganta, se não o matasse por romper alguma artéria, provavelmente, engasgá-lo-ia com seu próprio sangue. Concentro-me muito, limpando totalmente minha mente. Faço uma simulação mental. Penso em mim disparando a flecha e o pequeno projétil atingir a garganta do monstro, deixando-o roxo por falta de ar e morrendo engasgado. Puxo a corda até meu queixo e tento manter a flecha o mais reto possível.

Flexiono os joelhos levemente e focalizo na garganta do gigante, esqueço seu corpo monstruoso, sua lança, sua cabeça, esqueço que ele tem algo a mais que o pescoço. Continuo com o olhar fixo ali. Mesmo quando seu irmão batia nele e ele saia de foco, meu olhar acompanhava. Aguardava o momento exato em que relaxaria os dedos e veria a flecha ser disparada de encontro ao grosso pescoço do monstro. Esperei, esperei, esperei, controlando a respiração para não tirar o foco e nem a mira. Até que vejo o momento e tento disparar.

Minha tática dera certo. Fui totalmente curado e minha flecha fora tão forte e certeira que atingi o olho do gigante, o jogando ao chão, já se desfazendo em pó. Agora faltava o outro, que jazia agonizando com seu próprio sangue no chão. Era a oportunidade que os deuses haviam dado para mim. Sorrio friamente e vou até o monstro. Miro meu arco e seu olho. Olho-o uma ultima vez. Penso em toda a luta, como fora dificil, levara danos poderosos e golpes que jamais esquecerei. Aprendi a voar e a derrubar árvores - quando fui jogado contra uma e ela provavelmente ficou bem ferida - vi que tenho bons reflexos e uma mira razoavelmente boa. Aprendi que posso ser abençoado pelos deuses, mas eles podem simplesmente virar as costas quando pedimos. Vi que a força de vontade pode muitas vezes valer mais que uma habilidade.
Aprendi muita coisa com essa batalha. Mas ela ainda não estava ganha. Concentro-me no monstro. Flexiono os joelhos levemente, bem próximo ao seu corpo. Concentro a respiração e olho-o bem no olho. Era uma distância de cerca de um metro. Coloco a flecha na corda e a puxo até meu queixo. Miro bem e deixo meus dedos deslizarem, suavemente, saindo da corda.